Faleceu o actor António Reis, e com ele um filme suspenso para a eternidade.
No ano lectivo de 2002-2003, eu preparava a minha curta-metragem de final de curso. Enviei o meu argumento cinematográfico para o Teatro do Campo Alegre com uma carta: «escrevi esta personagem a pensar em si».
António Reis recebeu-me no seu gabinete. Demorou-se na conversa, tomando o seu tempo para me prescrutar e dar-se a conhecer. Disse-me que não fazia televisão, que recusava todos os convites para telenovelas — que eram muitos. A sua vida era o teatro, mas não se recusava fazer cinema. «Praticamente só aceito fazer filmes do Manoel».
Então concluiu: faria a minha curta-metragem, mas com uma condição: que o meu próximo filme, a minha primeira produção profissional, o tivesse como actor contratado. Aceitei. Prometi.
Duas décadas decorridas, e não me tornei cineasta. António Reis deixou-nos, deixando-me para sempre com uma promessa por lhe cumprir.